quarta-feira, 23 de maio de 2007

A transmutação do mal

Há dias falavam-me sobre a revolução violenta praticada pelos grupos europeus de extrema esquerda da segunda metade do século XX - Brigadas Vermelhas, Baader-Meinhof - entre outros.
O mais paradoxal é o modo como este tipo de actuação leva forçosamente à total desumanização do agente. O revolucionário torna-se num agente justiceiro, correctivo, aplicador de uma espécie de justica distributiva negativa. Mas de uma forma estranha. Como se, introduzindo no mundo uma determinada dose de mal e de sofrimento fosse possível atingir um quociente total superior, uma justiça global melhorada. O terrorista torna-se assim num agente messiânico com capacidade para julgar e condenar. Um homem que se permite desigualar espiritualmente os homens, julgar sobre o valor da vida e, na essência, transmutar o mal em bem.
E entristece muito que, ainda hoje, assistamos a alguma complacência de certos sectores da esquerda europeia face a este modo de pensar.

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